Depois de um lançamento rodeado de expectativas, a pré-candidatura de Sérgio Moro (Podemos) à Presidência empacou. O ex-juiz não consegue embalar nas intenções de voto, que não passam de 8%, e já começa a rever o projeto nacional. Se não decolar até fevereiro, algo improvável, Moro deve desistir da postulação presidencial e se lançar ao Senado.
Diante de problemas políticos, que podem descambar para problemas jurídicos, Sérgio Moro avalia com aliados que não vale a pensa o risco de ficar sem mandato a partir de 2023. Além das suspeitas de parcialidade nos processos contra Lula, recaem agora sobre Moro suspeitas de ilegalidades nos contratos de consultoria que assinou depois de deixar a magistratura.
Há 15 dias, o ministro Bruno Dantas, do TCU (Tribunal de Contas da União), mandou a consultoria americana Alvarez & Marsal revelar os serviços prestados e os valores pagos a Moro, o que gerou apreensão nas hostes do ex-juiz.
Sérgio Moro foi contratado pela Alvarez & Marsal depois de deixar o Ministério da Justiça. O problema que envolve esse contrato é que a Alvarez & Marsal é o escritório que atuou como administrador judicial da Odebrecht, empreiteira investigada pela Lava Jato, alvo de decisões de Moro em Curitiba.
As suspeitas do TCU, de acordo com o subprocurador-geral do Ministério Público junto àquele Tribunal, Lucas Furtado, é de que Moro tenha atuado em um cenário de “conflito de interesses, favorecimento, manipulação e troca de favores entre agentes públicos e organizações privadas”.
O temor morista é de que as investigações do TCU possam levar a abertura de uma investigação formal contra o ex-juiz e, consequentemente, a um processo criminal. Como senador ou presidente da República, Moro poderia responder perante o STF (Supremo Tribunal Federal) e não a um juiz de primeira instância.
Moro nega o recuo e diz ser contra o foro privilegiado. Mas o fato é que ele se sentiria mais confortável com um mandato na mão, o que lhe garantiria justamente o famigerado foro privilegiado que ele sempre combateu.